terça-feira, 26 de julho de 2011

RONALDINHO GAÚCHO X MACHADO DE ASSIS

Surrealismo revoltante! Primeiro, a votação de Zé Mafioso Sarney, vulgo Marimbondo Furioso de Fogo, para a Academia Brasileira de Letras. Depois foi o presidente da ABL, na época, Austregésilo de Athayde, receber uns jovens que se dedicavam a trovas pornográficas (isso mesmo, pornográficas, não confundamos com sensuais) em seus salões, recitando suas trovas. Agora, entregaram a Medalha Machado de Assis ao balípodo Ronaldinho Gaúcho.

Ao receber a homenagem, o atleta teria proferido que colocaria a medalha no pescoço e rezaria - todos os dias - a oração escrita por Machado de Assis que assim começa: "Senhor, fazei-me instrumento de Vossa paz. Onde houver ódio que eu leve o amor..."

Criada para ser o ninho da intelectualidade brasileira, a ABL abre suas portas para um ato desse jaez enquanto grassa pelas terras de pindorama anúncios de comida a kilo (assim mesmo, com k) em restaurantes, supermercado cujo nome vem pronunciado Éxtra (com a letra inicial proferida aberta, como se fosse acentuada), os comunicadores da TV Globo falando récord e não recorde. E os imortais nada fazem para melhorar o vernáculo do povo, trancam-se em copas e vão beber chá.

É por essas e outras que ouvi de uma professora, no Espírito Santo, a seguinte pérola: "Quem disse que o dicionário está certo? Quando eu estudei, meu mestre disse que a palavra certa é cabelereira e não cabeleireira!" Enquanto isso, Machado de Assis dá mil voltas dentro do caixão...

Um menino pobre, negro de origem, convivendo com fortes preconceitos raciais, mãe lavadeira e pai pedreiro, saúde precária e semi-analfabeto até os 17 anos, autodidata e, com muito esforço, tornou-se um dos maiores escritores brasileiros. Foi um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras e seu primeiro presidente. Foi escritor, jornalista, cronista, contista, poeta e teatrólogo. Há 103 anos, falecia Machado de Assis.

"Não é o muito saber que cumula e satisfaz a alma, mas o sentir e o saborear as coisas internamente". (Santo Inácio de Loyola)

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